Rompimento da barragem do Fundão

rompimento da barragem do Fundão foi um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil e do mundo. Aconteceu no dia 5 de novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, pertencente ao município de Mariana, em Minas Gerais.

    
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Aqui estão os principais pontos sobre o ocorrido:

O que aconteceu?

  • A barragem de Fundão era usada para armazenar rejeitos de mineração (resíduos resultantes da extração de minério de ferro) da mineradora Samarco, que é controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
  • A barragem rompeu, liberando cerca de 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica.
  • A enxurrada de lama destruiu completamente o distrito de Bento Rodrigues e causou danos em outras comunidades ao longo do Rio Doce.


Cidades diretamente atingidas:

Minas Gerais: Mariana, Bento Rodrigues (distrito), Paracatu de Baixo (distrito), Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Sem-Peixe, São Pedro dos Ferros, São José do Goiabal, Alpercata, Governador Valadares, Tumiritinga, Periquito, Naque, Resplendor
Espírito Santo: Baixo Guandu, Colatina, Marilândia, Linhares (inclui Regência)


Cidades indiretamente atingidas:

Minas Gerais: Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Santana do Paraíso, Ponte Nova, Belo Horizonte, Teófilo Otoni
Espírito Santo: Aracruz, São Mateus, Vitória

​Lista de pessoas mortas

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, resultou na morte de 19 pessoas, incluindo moradores locais e trabalhadores. Abaixo, a lista das vítimas:​

Moradores da comunidade:

  1. Antônio Prisco, 65 anos, residente de Bento Rodrigues.
  2. Emanuele Vitória Fernandes, 5 anos, residente de Bento Rodrigues.
  3. Maria Elisa Lucas, 60 anos, de Contagem – estava em Bento Rodrigues a passeio.
  4. Maria das Graças Celestino da Silva, 65 anos, residente de Bento Rodrigues.
  5. Thiago Damasceno Santos, 7 anos, residente de Bento Rodrigues.

Trabalhadores (empregados e contratados):

  1. Ailton Martins dos Santos, 55 anos, motorista III da Integral Engenharia Ltda.
  2. Claudemir Elias dos Santos, 41 anos, motorista III da Integral Engenharia Ltda.
  3. Cláudio Fiúza da Silva, 41 anos, servente da Integral Engenharia Ltda.
  4. Daniel Altamiro de Carvalho, 53 anos, operador de máquinas III da Integral Engenharia Ltda.
  5. Edinaldo Oliveira de Assis, 40 anos, operador de máquinas III da Integral Engenharia Ltda.
  6. Edmirson José Pessoa, 49 anos, técnico de serviço administrativo sênior da Samarco Mineração S.A. (desaparecido).
  7. Marcos Aurélio Pereira Moura, 34 anos, visitante da Produquímica Indústria e Comércio S.A.
  8. Marcos Roberto Xavier, 32 anos, motorista de caminhão da Vix Logística S.A.
  9. Mateus Márcio Fernandes, 29 anos, mecânico de manutenção da Manserv Montagem e Manutenção S.A.
  10. Pedro Paulino Lopes, 56 anos, mecânico de manutenção da Manserv Montagem e Manutenção S.A.
  11. Samuel Vieira Albino, 34 anos, sondador da Geocontrole Br Sondagens S.A.
  12. Sileno Narkievicius de Lima, 46 anos, motorista III da Integral Engenharia Ltda.
  13. Vando Maurílio dos Santos, 37 anos, motorista III da Integral Engenharia Ltda.
  14. Waldemir Aparecido Leandro, 48 anos, auxiliar de sondagem II da Geocontrole Br Sondagens S.A.

Nota: Edmirson José Pessoa permanece desaparecido.Estado de Minas

Essas informações foram extraídas do Relatório Bienal 2015-2016 da Samarco Mineração S.A. Faça o download deste relatório aqui: DOWNLOAD


Consequências humanas e sociais

  • 19 pessoas morreram.
  • Centenas ficaram desabrigadas.
  • Comunidades inteiras foram impactadas, perdendo casas, escolas, igrejas e sua forma de vida.

Consequências ambientais

  • A lama percorreu mais de 600 km até atingir o oceano Atlântico, no Espírito Santo.
  • Houve contaminação de rios, destruição da fauna e flora aquática e prejuízo para o abastecimento de água de diversas cidades.
  • O Rio Doce, um dos mais importantes do sudeste brasileiro, foi gravemente afetado.

Desdobramentos legais

  • Empresas envolvidas enfrentaram e ainda enfrentam processos judiciais e indenizações.
  • Foi criada a Fundação Renova para reparar os danos e compensar as vítimas, mas o processo é considerado lento por muitas comunidades afetadas.


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Linha do Tempo – Rompimento da Barragem de Fundão


Antes do desastre 2007-2014

Relatórios e estudos técnicos já apontavam riscos estruturais na barragem de Fundão, mas nenhuma ação efetiva foi tomada pelas empresas responsáveis.


2015

  • 5 de novembro:
    • Rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
    • Distrito de Bento Rodrigues é destruído.
    • Lama atinge os distritos de Paracatu de Baixo e Gesteira.
    • 19 pessoas morrem.

  • 6 a 9 de novembro:
    • A lama segue pelo Rio Doce, atingindo várias cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo.
    • Abastecimento de água é interrompido em diversas localidades.

  • 21 de novembro:
    • A lama chega ao oceano Atlântico, no litoral do Espírito Santo.


2016

  • Março: 

    É criada a Fundação Renova pelas empresas Samarco, Vale e BHP Billiton, com o objetivo de reparar os danos.
  • Agosto: 

    Ministério Público Federal entra com uma ação de R$ 155 bilhões contra as empresas responsáveis.


2017-2019

  • Avanço lento nas reparações: Moradias prometidas ainda não estavam concluídas.
  • Pressão social aumenta por parte das comunidades afetadas.


2020

  • Primeiras casas são entregues, mas com atrasos e críticas.
  • Empresas assinam acordos adicionais de indenizações e reparações ambientais.


2021-2023

  • Ainda há moradores sem casas definitivas.
  • Processos judiciais seguem em andamento, inclusive fora do Brasil (Reino Unido).
  • A população cobra transparência, justiça e agilidade nas compensações.


2024-2025

  • Alguns distritos ainda aguardam reassentamento completo.
  • O desastre é lembrado como um símbolo de negligência corporativa e falta de fiscalização ambiental.


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As empresas responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão foram:


Samarco Mineração S.A.

  • Operadora direta da barragem de Fundão.
  • Joint venture (empresa de controle compartilhado) entre a Vale S.A. e a BHP Billiton.
  • Responsável legal pela gestão da estrutura e pela operação de mineração em Mariana (MG).

Vale S.A.

  • Uma das acionistas controladoras da Samarco (50%).
  • Apesar de não operar diretamente a barragem, foi considerada corresponsável por falhas na governança e fiscalização.

BHP Billiton (atualmente BHP Group)

  • Multinacional anglo-australiana, também dona de 50% da Samarco.
  • Assim como a Vale, foi responsabilizada por omissão e falta de controle sobre as práticas operacionais da barragem.

Essas três empresas foram alvo de ações judiciais, processos civis e penais, e acordos para indenização de vítimas e reparação ambiental, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

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Principais ações judiciais no Brasil


Ação Civil Pública – MPF (2016)

  • Valor: R$ 155 bilhões (posteriormente suspensa e incorporada a outras negociações).
  • Propositura: Ministério Público Federal.
  • Motivo: Reparação integral dos danos ambientais, sociais e econômicos.
  • Situação: Substituída por acordos judiciais posteriores, como os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs).

Acordo Judicial de Reparação (2021–em andamento)

  • Partes: União, estados de MG e ES, Samarco, Vale, BHP.
  • Valor estimado: R$ 37 bilhões (negociações ainda em curso).
  • Objetivo: Reparação de danos ambientais, indenizações e investimentos em comunidades afetadas.

Ações Individuais e Coletivas

  • Autorias: Famílias atingidas, movimentos sociais, defensoria pública.
  • Assuntos: Indenizações por morte, perdas materiais, deslocamento, danos morais, e ambientais.

Processos criminais (2016)

  • Réus: Executivos da Samarco, Vale, BHP e funcionários terceirizados.
  • Acusação: Homicídio qualificado, crimes ambientais e falsidade ideológica.
  • Status: Parte dos crimes prescreveu, outras ações continuam tramitando; algumas foram desmembradas.


Ações judiciais internacionais


Processo no Reino Unido – Alta Corte de Londres

  • Ano: 2018 (e ampliado em 2022)
  • Requerente: Mais de 700 mil brasileiros (indivíduos, empresas, comunidades indígenas e prefeituras).
  • Réu: BHP Group.
  • Valor reclamado: Mais de £36 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões).
  • Motivo: Alegação de responsabilidade da BHP por danos causados pelo desastre.
  • Status: A ação foi inicialmente arquivada, mas reaberta após recurso; julgamento programado para 2024–2025.

Fundação Renova

  • Criada em 2016 por determinação judicial para executar programas de reparação e compensação.
  • Financiada por Samarco, Vale e BHP.
  • Alvo de múltiplas críticas por lentidão, falta de transparência e eficiência.

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Até o momento, ninguém foi preso de forma definitiva pelo rompimento da barragem de Fundão, mesmo com a gravidade do desastre.

Resumo das responsabilizações criminais:

2016 – Denúncia criminal

  • O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 21 pessoas, incluindo executivos da Samarco, Vale, BHP Billiton e funcionários de empresas terceirizadas.
  • Entre os crimes apontados estavam:

    • Homicídio qualificado (doloso) de 19 pessoas.
    • Crimes ambientais.
    • Falsidade ideológica e apresentação de laudos falsos.

O que aconteceu com os processos?

  • Parte das acusações foi arquivada ou desmembrada.
  • Em 2019, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anulou a acusação de homicídio doloso, transformando-a em homicídio culposo (sem intenção), o que reduziu drasticamente a possibilidade de prisão.
  • O processo segue sem condenações definitivas.
  • Não houve prisões preventivas ou cumprimentos de pena ligadas ao desastre de Fundão.


Em resumo:

  • Ninguém foi preso.
  • Os processos estão em andamento há anos, com reviravoltas jurídicas e recursos.
  • Até agora, nenhuma responsabilização criminal concreta com pena de prisão foi aplicada.




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